segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Hong Kong quer debater sobre sexualidade da pessoa com deficiência com Macau


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A sexualidade vivida pelas pessoas com deficiência é ainda um assunto tabu e é preciso debater o assunto com a sociedade

É um assunto tabu em quase todo o mundo, e mesmo na Europa, em Portugal, só recentemente começou a ser abordado. As pessoas com deficiência também vivem a sua sexualidade, mas continua a persistir a ideia de que a intimidade é uma área que eles não vivenciam.

Foi a pensar nisso que o Hong Kong Women Christian Council promoveu um debate sobre o assunto na região vizinha, mas a ideia é que possam ser estabelecidas ligações com entidades de Macau para discutir este tema no território. “Estamos a planear partilhar a nossa conferência com alguns grupos que tenham interesse na questão ou com organizações de apoio à deficiência em Macau. Também estamos a planear fazer alguma peça de teatro educacional para os portadores de deficiência em Macau”, disse ao HM Little Wing Yick, uma das responsáveis pela organização.

A discussão em torno da sexualidade na deficiência começou em 2012, quando o Hong Kong Women Christian Council publicou 12 histórias no livro “O amor não tem deficiência”. Desde então que tem feito também investigação sobre o assunto e sobre casos noutros países.

“A sexualidade na deficiência é ainda um grande tabu na sociedade de Hong Kong. Encontrámos alguns casos de deficientes que, no seu dia-a-dia, sofrem abusos sexuais e existe falta de educação sexual para eles. Os subsídios que são concedidos permitem as pessoas com deficiência manterem os seus empregos, viagens, manterem uma casa e serviços médicos, mas não existe nada para as suas necessidades sexuais ou íntimas. Há uma ideia de que o portador de deficiência não deveria ter sexo. Por isso esperamos alertar o público para esta questão dos direitos dos deficientes em relação ao sexo e prevenir os abusos contra estas pessoas”, adiantou Little Wing Yick.

Para a responsável, “tudo está relacionado com o problema da indústria em Hong Kong”. “Acreditamos que, quando abordamos a prática de serviços sexuais em relação aos portadores de deficiência, deveríamos aprofundar questões que têm que ver com a lei, direitos humanos e medicação”, disse ainda.

Abusos sexuais são realidade

Hetzer Siu, presidente da Macau Special Olympics, uma das entidades que representa as pessoas com deficiência, fala da existência de casos de abuso sexual que nunca chegam a constituir processos judiciais, por falta de provas.

“No passado aconteceu e mesmo hoje em dia há vários casos de abusos sexuais em Macau, porque as pessoas com deficiência mental estão mais vulneráveis, porque mesmo que sejam alvo de abusos não conseguem falar do que se passou. Mesmo que os casos vão parar à polícia, não conseguem encontrar provas porque a vítima não consegue expressar o que aconteceu. Ainda assim não há muitos casos porque Macau é uma sociedade pequena e comunidade irá saber quem abusou de uma pessoas com deficiência. Nesse sentido é vantajoso vivermos numa sociedade pequena”, explicou.

Ainda assim, existe o lado bom da medalha: os deficientes que conseguem ter uma vida normal e constituir família.

“Há um ponto interessante na sociedade de Macau, porque segundo a tradição chinesa os filhos homens têm de ter filhos e casar, então há muitos pais que tentam encontrar uma esposa para os seus filhos. Tentam arranjar um casamento tradicional para eles. Em relação às mulheres, alguns pais também procuram que as suas filhas encontrem um parceiro, porque pensam que é muito importante constituir uma família.”

Hetzer Siu considera que é importante debater o assunto em parceria com Hong Kong, mas alerta para as dificuldades em abordar a realidade dos abusos sexuais.

“É necessário apostar na educação sexual para os pais destas pessoas, porque a sexualidade é uma necessidade básica de qualquer ser humano. É preciso que haja mais informação sobre o controlo de doenças sexualmente transmissíveis e também sobre relações sexuais protegidas. Todas as pessoas têm essa necessidade, sobretudo de intimidade, e não me refiro apenas ao sexo. As pessoas com deficiência têm necessidade de estabelecer relações íntimas e não apenas relações sexuais”, rematou o presidente da Macau Special Olympics.

Fontes: hojemacau - turismoadaptado.wordpress.com

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Estima-se que a taxa de abuso sexual e físico entre mulheres com deficiência chega a ser duas vezes maior que entre as mulheres sem deficiência

Audiência Pública sobre violência contra mulheres com deficiência


mesa de debatedores da audiencia publica.

A deputada federal Rosinha da Adefal (PTdoB/AL) presidiu nesta quinta-feira (8) audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara dos Deputados. A reunião tratou sobre a múltipla vulnerabilidade da Mulher com Deficiência diante de situações de abuso e violência doméstica. 
O encontro foi um dos debates propostos pela parlamentar para celebrar as comemorações do dia Internacional das Pessoas com Deficiência, comemorado em 3 de dezembro, com o objetivo de promover uma maior compreensão dos assuntos concernentes à deficiência e para mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas.
“No Brasil, cinco mulheres são violentadas a cada hora. Porém, não existe dado oficial sobre quantas delas são mulheres com deficiência. Estima-se que a taxa de abuso sexual e físico entre mulheres com deficiência chega a ser duas vezes maior que entre as mulheres sem deficiência”, elucidou a deputada Rosinha.
“Essas mulheres enfrentam a grande dificuldade de notificar o abuso sofrido, primeiramente, por, muitas vezes, depender do auxílio e do cuidado de seus agressores. Depois, por enfrentar barreiras físicas, de acessibilidade, financeiras ou até de comunicação”.
Para combater essa realidade, é necessário modificar a visão do poder público e retirar essas mulheres da invisibilidade. Foi essa síntese da fala das participantes da audiência, que contou com a presença da Coordenadora Geral do Sistema de Informação da Pessoa com Deficiência, Carolina Gomes; das dirigentes e fundadoras da ONG Essas Mulheres, Marcia Gori e Adriana Dias; e da secretária adjunta da Secretaria de enfrentamento à violência contra a mulher, Betânia de Assis. “É preciso reconhecer a existência e a recorrência desse tipo de abuso e construir políticas públicas para evitá-los e cessá-los”, defendeu Rosinha da Adefal.
Segundo as palestrantes, diferentemente do que ocorre na violência doméstica e nas agressões às mulheres sem deficiência – em que a dependência financeira e emocional são os principais motivos pelos quais as mulheres desistem de denunciar seus agressores – nas violências contra mulheres com deficiência, a questão da dependência física e do cuidado é o principal motivo da desistência.
“Como a pessoa vai denunciar o próprio cuidador? Se fizer isso, quem vai medicá-la, banhá-la, cuidar dessa mulher depois da denúncia? E para onde ela vai, se for retirada da situação de abuso? Para um abrigo sem acessibilidade, sem um cuidador disponível? ”, indagou a ativista Adriana Dias. Segundo Adriana é necessária uma modificação das políticas públicas, e a criação de uma política nacional de cuidadores, que preveja o atendimento público às mulheres com deficiência em situação de violência.
Para Marcia Gori, a mulher com deficiência, que sofre violência, não possui a rede de cuidados disponíveis que a mulher sem deficiência possui. “Quase a totalidade das mulheres com deficiência intelectual sofrem ou já sofreram abusos em suas vidas, e a sociedade nem sabe desse fato. Precisamos enxergar essas mulheres”, defendeu.
Assista a audiência pública convocada pela Deputada Rosinha da Adefal na Comissão da Defesa dos Direitos das Mulheres da Câmara dos Deputados, para discutir o tema da violência contra as mulheres com deficiência, no dia 8/12/2016 .
 Fonte: http://www.inclusive.org.br/arquivos/29995